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Cidade no Ceará disponibiliza só 20 litros de água ao dia por pessoa

A última reserva de água da cidade de Irauçuba, no Ceará, secou há quatro meses e os 22,3 mil habitantes dependem de água de cidades vizinhas que chegam em carro-pipa. Na zona rural, a água potável é levada pelo Exército, racionada em 20 litros de água por dia por pessoa, que são usados para todas as necessidades. "São 20 litros para lavar prato, lavar roupa, fazer a comida, tomar banho e ainda beber. É impossível. Estamos em uma situação de penúria mesmo, só sobrevivendo", relata a agricultora Geovana Maria de Sousa.

Ela tem no quintal de casa uma cisterna que acumulava água da chuva. Até o fim de setembro era a fonte da família. "Mesmo com pouca chuva neste ano, ainda deu para encher a cisterna toda. Depois que o açude secou, a gente só tinha ela para tirar água e acabou rápido."

Na zona urbana de Irauçuba, a 150 quilômetros de Fortaleza, a estação de tratamento da Companhia de Água e Esgoto (Cagece) recebe um volume diário de 250 mil litros, trazidos de açudes vizinhos em carro-pipa. Com essa baixa quantidade – a cidade precisa diariamente de 1,2 milhão de litros (cerca de cinco vezes o que recebe) –, a água chega apenas às torneiras das casas mais próximas da estação.

A maioria da população depende da água levada pela Defesa Civil do Estado do Ceará a tanques públicos espalhados pela cidade. Como o abastecimento é irregular e chega a demorar 10 dias, muitos têm que pagar pelo que consomem.

"Vender água em Irauçuba virou um negócio lucrativo nos últimos meses. As pessoas que têm caminhão deixaram de fazer outras atividades para vender água, que é a mercadoria que todo mundo quer. Alguns, inclusive, já expandiram o negócio. Começaram com três caminhões e hoje já têm seis ou sete", diz o secretário de Meio Ambiente do município, Caetano Rodrigues.

Os pipeiros, como são chamados, trazem água dos açudes do Frade ou Missi, das cidades de Itapajé e Itapipoca, e vendem em Irauçuba por R$ 25 cada mil litros. A água tem forte odor, é suja e inadequada para beber. Em geral, ela é dada aos animais ou usada para tomar banho.

"Procuram direto, dia e noite. Hoje Irauçuba já tem 40 caminhões-pipa, e eles não param. Todos os dias a gente faz dezenas de viagens para abastecer as caixas daqui", diz Jacob Andrade Ribeiro, pipeiro de 49 anos. Os açudes de Itapajé e Itapipoca têm 20% e 16% da capacidade máxima, respectivamente, e a população teme que essas reservas também acabem.

"A água que vem desses locais só resolve a situação emergencial. A coisa só vai melhorar mesmo com boas chuvas no próximo ano", diz o secretário Caetano Rodrigues. No Ceará, as chuvas ocorrem, principalmente, em março, abril e junho.

Na área urbana, quem não pode pagar pela água tem que esperar o abastecimento da Defesa Civil no tanque público mais próximo. Às 2h da manhã de 16 de outubro, a aposentada Maria Amélia levantou da cama acordada pelo filho de 12 anos, que percebeu a chegada do carro-pipa. Em cerca de dois minutos, as ruas da comunidade Fazendo Mocó estavam tomadas por centenas de pessoas com baldes vazios, fazendo fila para coletar água. O caminhão levou 20 minutos para encher o tanque; em menos de 10, ele secou novamente.

"É sempre assim. Todo mundo corre e fica um alvoroço de gente para conseguir água. Normalmente todo mundo consegue. O problema é quando demora muito para voltar, mais de uma semana. Aí a gente fica sem uma gota d'água em casa. Ou consegue de favor dos amigos ou tem que comprar com o dinheiro do Bolsa Família", relata Maria Amélia.

Matéria completa no G1 - Veja.

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