Subscribe Us

header ads

Falta de desejo sexual pode ser problema de saúde. Saiba quais são as principais disfunções sexuais

Pesquisa recente realizada pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo mostrou que a falta ou a diminuição do desejo sexual atinge 48,5% das mulheres que procuram apoio médico. Vários mitos estão associados à sexualidade feminina, principalmente sobre as disfunções sexuais, que ainda não são esclarecidas abertamente. A medicina define a disfunção sexual feminina como a insuficiência de sentir prazer ou desejo, antes ou durante as relações sexuais.

O especialista Nelson Gonçalves, professor da faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e membro da Sogesp (Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), explica quais são as disfunções sexuais mais comuns, as causas, sintomas e tratamentos.

Segundo o ginecologista, a origem da disfunção sexual é multifatorial. Existem os fatores físicos ou orgânicos, psicológicos, sócio-culturais e interpessoais.

Físico/Orgânico: Costumam ser raros. São doenças crônicas como hipertensão, diabetes, câncer, doenças sexualmente transmissíveis.

Psicológico: Se apresentam em quase 80% dos casos. Entre eles estão a ansiedade, inexperiência sexual, estresse e autoestima baixa.

Sócio-cultural: São crenças, tabus, inseridos no ambiente que se vive. Alguns exemplos são educação inadequada, valores familiares, regras no local de trabalho, leis religiosas.

Interpessoal: Aparece em 50% dos casos. Problemas de relacionamento familiar e/ou amoroso.

Desejo Sexual Inibido

Frequente em mulheres de 45 anos ou mais, o desejo sexual inibido é uma disfunção sexual considerada comum. Acontece quando há diminuição ou ausência absoluta de desejo de ter relações sexuais. Alguns dos fatores que podem inibir o desejo sexual são o uso de drogas, lesões na região genital e estresse acentuado.

Anorgasmia ou Inibição do Orgasmo

Habitual nas mulheres entre 20 e 40 anos, a anorgasmia ou inibição do orgasmo ocorre quando a mulher se sente impossibilitada de atingir o orgasmo, mesmo com os estímulos adequados. É uma das disfunções sexuais mais comuns atualmente. Algumas das causas da disfunção são problemas hormonais, a utilização de remédios para emagrecer e dificuldades no relacionamento.

Vaginismo
De acordo com o médico, o vaginismo é uma das disfunções em que há a contração involuntária dos músculos próximos à vagina que impedem a penetração do pênis ou dedo.  A mulher pode até desejar o ato sexual, porém não consegue coordenar os movimentos. Segundo o especialista, dez em cada cem mulheres sofrem dessa disfunção.

— Na maioria dos casos, a mulher que sofre com o vaginismo pode ter tido uma educação muito rígida, talvez também tenha problemas com a sua auto-imagem, sentimento de medo e culpa, entre outros fatores.

Transtorno de excitação
Pouco diagnosticada entre as mulheres brasileiras, o transtorno de excitação, antigamente conhecido como frigidez, é a inabilidade de desenvolver a lubrificação vaginal na relação sexual.

— O transtorno de excitação é basicamente caracterizado pela falta de umidade na parede vaginal no ato sexual ou nas preliminares, também chamado de ressecamento. A mulher não fica "molhada", como se diz popularmente.

Dispareunia
Mais comum nas mulheres entre 50 anos ou mais, a dispareunia é a dor na região genital relacionada ao ato sexual. O incômodo pode variar entre um leve desconforto até uma dor aguda. A maioria das causas para essa disfunção são orgânicas, entre elas: infecções na vagina ou na vulva, mucosa vaginal atrofiada ou deficiência hormonal.

— A utilização de um lubrificante vaginal é recomendada, pois ele facilitará a penetração.

Disfunção sexual médica
Acontece quando há um problema orgânico que gera problemas sexuais, como, por exemplo, a diminuição de desejo devido a hipertensão ou diabetes. Os medicamentos que combatem esse tipo de doença também podem causar algum tipo de disfunção.

Anticoncepcional

O médico avisa que as pílulas anticoncepcionais podem potencializar a disfunção sexual.

— Os anticoncepcionais alteram os níveis hormonais no organismo da mulher. Essa alteração pode tanto aumentar o desejo, como diminui-lo.

Tratamento

Gonçalves ainda comenta que a disfunção sexual pode causar depressão e vice-versa, por isso, o tratamento é essencial.

— Uma pessoa que sofre de depressão, também pode sofrer de alguma disfunção sexual. A pessoa já está com a auto-estima baixa, com a sua auto-imagem comprometida. É natural que ela não sinta vontade em ter relações sexuais. Em contrapartida, não necessariamente uma pessoa que tenha disfunção sexual, pode desenvolver uma depressão.

O diagnóstico é completamente "clínico, pontual e simples", afirma o médico. O profissional vai escutar o que a paciente tem a dizer e, para um melhor diagnóstico, é fundamental que ela fale tudo o que está sentindo. Gonçalves afirma que é importante não ter vergonha de dizer o que está se passando.

— As mulheres precisam ter coragem e falar realmente o que as aflige. Isso é imprescindível e facilita a identificação do que a incomoda. Dentro do consultório, ela pode se abrir e se sentir à vontade. Não há porque ter receio de nada.

O tratamento possui três etapas e é o mesmo para todas as disfunções. A primeira, e mais importante, é a psicoterapia. O psicólogo irá acompanhar a paciente durante seis meses. Essa medida tem como objetivo deixar a paciente mais segura, assim como a fará entender melhor seus desejos e anseios próprios.

A segunda etapa são os exercícios corporais, que servem de estímulo a área íntima que é afetada pela disfunção.

A última etapa são os medicamentos. A administração de remédios é o recurso final do tratamento. A maioria deles funciona como antidepressivo, ativando áreas do cérebro associadas ao prazer e ao bem-estar. O especialista alerta sobre boatos do possível "viagra feminino".

— Medicamentos estimulantes para as mulheres ainda estão em fase experimental. O viagra feminino é um mito. Não se pode produzir um medicamento desse tipo, simplesmente porque o organismo feminino não funciona com os mesmos estímulos do corpo masculino.


Postar um comentário

0 Comentários