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“Parece que nosso País não vale nada”, diz dono de Fusca incendiado em ato contra copa

O serralheiro Itamar Sebastião dos Santos, de 55 anos, ficou conhecido em todo o Brasil depois de ter o seu Fusca 1975 incendiado, durante o ato contra a Copa do Mundo do último sábado (25), em São Paulo. Após receber doações de mais de R$ 7.000 e fazer planos para recolocar a vida no lugar, ele ainda possui um tom crítico acerca das manifestações populares.

Em entrevista ao R7, Santos explicou que vê razões para que a grande maioria das pessoas busque as ruas para pedir por melhorias, mas criticou os pequenos grupos que utilizam os atos populares para praticar a violência e o vandalismo – mais notadamente os adeptos da tática black bloc, que propõe justamente a destruição de símbolo do capitalismo.

Na opinião do serralheiro, que leva uma vida simples na zona sul da capital paulista, as notícias de depredações e violência em manifestações no País não refletem o caráter “positivo” da população brasileira e ajudam a “manchar” a imagem do Brasil no exterior.

— Deixem os outros irem e vir quietos, não mexe com as pessoas, faz isso (protesto) pacificamente. Fico muito triste porque eu vejo falar que veio uma pessoa para cá fazer um turismo, alguma coisa assim, no Rio, em São Paulo, e mostra eles sendo assaltados ou coisas piores. Isso cai muito mal lá fora, parece que nosso País não vale nada, mas ele é muito bom. É um País maravilhoso, mas só vai para fora o que não presta.

Ver a vida de outras pessoas ameaçadas pelo mesmo fogo que destruiu o seu carro quase que diariamente em São Paulo, com os muitos incêndios de ônibus ocorridos recentemente, também rende críticas de Santos.

— Eu penso assim, não deve se fazer isso. Botar fogo em ônibus, o que é isso? O que adianta? Não adianta nada, só serve para sujar o nosso País que é muito bom. Nós temos necessidades? Temos várias necessidades, mas aí você queima ônibus e terá mais necessidades. Então não precisa fazer isso.

“Ficamos três horas presos em um engarrafamento”

O susto sofrido no último sábado foi apenas o segundo encontro de Itamar dos Santos com os mais recentes protestos. No primeiro, no ano passado, ele e a família fizeram o mesmo trajeto que utilizaram no fim de semana passado, voltando de um culto religioso, mas naquela ocasião eles escaparam da violência, de acordo com a lembrança do serralheiro.

— Infelizmente, no ano passado a gente estava para lá também e deu uma coincidência. Vou para lá nessas condições que fui agora uma vez por mês, mas a manifestação foi uma coincidência. Do centro ali até chegar na 23 de Maio eu fiquei três horas, foi brincadeira. Apesar de que não houve nenhum problema conosco, mas ficamos três horas engarrafados, não andava de jeito nenhum. Foi uma coincidência danada e agora caí em outra. Eu não sabia que ia ter, senão não teria ido, não teria passado por isso. Como não sabia, eu fui.

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Outra memória que ainda comove Santos é a do reencontro com a família e com os amigos, ainda no sábado. Na conversa com a reportagem do R7, ele se emocionou ao falar do encontro com o filho mais velho, que viu todo o sofrimento da família pela televisão e correu para a casa dos parentes para ver se todos estavam bem.

— Quando cheguei na minha casa, todo mundo (estava) me aguardando. Imaginei que ninguém sabia de nada, que estava todo mundo dormindo e ninguém vendo aquilo na televisão. Aí o que aconteceu? Começaram a ligar no meu telefone, aí já sabia que o povo estava sabendo. O meu filho chegou quando eu já estava aqui com a família me aguardando, todas aquelas pessoas na calçada me aguardando, aí meu filho chegou, coitado, ele estava longe, me viu na televisão e ficou me abraçando, me levantando, me pegando no colo e chorando, entendeu? Aí sim, entendeu? Fique com dó do meu filho.

Do R7

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